10 Considerações sobre Revival, de Stephen King ou por que alguma coisa aconteceu...

O Blog Listas Literárias leu Revival, de Stephen King publicado pela editora Suma das Letras; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:

1 - Revival te pega de jeito. Com uma prosa que vai te envolvendo gradualmente, quando percebe, o terror salta das páginas do livro através de cenas impactantes e as criaturas mais sombrias imaginadas pelos homens. Uma obra que tem na morte algo ainda mais aterrador do que podíamos imaginá-la;

2 - Para tanto, nesta trama temos a narrativa em primeira pessoa de Jamie Morton, um homem já de certa idade que percorre toda sua vida contando numa escala progressiva sua experiência de terror vivida ao lado de um homem, o pastor Jacobs, que ele conhece ainda quando criança. Suas vidas que se dispersam e se unem ao longo do tempo, propiciarão ao final do livro o acontecimento insinuado desde o início da narrativa, num ápice de horror e medo;

3 - Justamente nesse sentido está uma das grandes virtudes do livro, seu narrador, e por cumplicidade, do próprio autor. Jamie Morton é um exímio narrador pois conduz o leitor num jogo de insinuações sempre preparando o leitor ao "grande momento". De certa forma, percebemos semelhança com o estilo utilizado por Allan Poe em seus contos, no entanto, na obra de King, temos um romance, mas que acaba nos produzindo os mesmos efeitos catárticos que o da prosa curta;

4 - Além disso, vale dizer que a vida alucinada de Jamie Morton e a sua relação ao longo dos anos com os Pastor Jacobs é uma boa anunciação para o desfecho final, pois consegue manter o leitor sempre aprisionado à história e ao andamento da trama, especialmente pelas insinuações constantes que nos deixam sempre preparados para algo por acontecer;

5 - Com isso, Stephen King caminha por um terreno que conhece bem em seus trabalho. A morte é a condutora do romance, pois são os questionamentos como a nossa incapacidade de compreender certas mortes ou então por querer descobrir se há de fato alguma coisa para além dela que movem as personagens de Revival, numa obra em que o embate entre fé e rebeldia é constante;

6 - Dito isto, percebemos então ao longo do livro e nos próprios dizeres de Stephen King que o livro com uma trama nova, bem como, novas contribuições bebe em livros antigos (alguns proibidos), e autores como H. P. Lovecraft, mas especialmente Mary Shelley e toda influência de Frankeinstein para tentar a sua maneira dobrar a própria morte, porém, como nos velhos clássicos, essa é uma busca que geralmente tende a dar problemas como se todos os autores nos dissessem "deixe a morte quieta no seu canto";

7 - E já que estamos falando de morte, não podemos deixar de perceber qual o olhar de Stephen King sobre ela: brutal, inexplicável e sem sentido algum. Pelo menos esta é a sensação que temos ao nos deparar com a violência das mortes neste livro. Há muito mais do que simplesmente o sinistro, uma espécie de bestialização do morrer; King consegue revolver as entranhas do leitor a cada morte que surge no romance;

8 - Contudo, vale dizer, porém, que neste conflito de fé e questionamentos sempre presente no livro, é como se por intermédio de seu narrador King tomasse partido para um dos lados. Assim como Jacobs, o jovem e adulto Jamie também se afasta da fé, em parte sob a influência do discurso fatídico do pastor, em parte por suas próprias tragédias, mas que no fim acaba sem que o leitor perceba o exato momento retornando à fé em deus;

9 - Da mesma forma, vale debater a noção de quinto personagem estabelecida ao pastor Jacobs pelo narrador Jamie Morton, especialmente porque no campo literário podemos observar ele quase como um protagonista, um protagonista que é bem verdade vai assumindo ares de antagonismo ao passo do desenvolvimento da trama. No caso desse livro, Jacobs é muito mais que apenas um "agente de mudança";

10 - Enfim, Revival é certamente uma obra que está entre as melhores de seu gênero. Um deleite para fãs ou recém iniciados em Stephen King, pois o autor sabe como revirar nossas entranhas com seu horror que adere aos ossos e permanece mesmo após a leitura do livro.


 

1 Comentários

  1. Este livro é mesmo muito bom, principalmente as últimas dezenas de páginas, que contém um terror angustiante de altíssimo nível.

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